Esqueçam tudo o que julgam saber sobre black metal "old-school". As referências a Venom ou Hellhammer no material de imprensa dos MROME são uma armadilha, uma pista falsa que nos prepara para algo que “Boneyard Twist” decididamente não é. Este álbum não é uma celebração nostálgica; é uma dissecação fria e perversa do metal extremo. É uma dança macabra num cemitério industrial, um som que é tão fascinante quanto desconfortável.

A produção é a primeira pista de que algo está "errado". É fria, distante e incrivelmente nítida. As guitarras de Key V são cortantes e rítmicas, mas sem a habitual camada de "sujidade". A bateria de P. soa quase como uma máquina, precisa e implacável. Mas o elemento que define o "twist" deste álbum é o sintetizador de Ataman Tolovy. Em vez de criar atmosfera, ele injecta dissonância, ruído e uma ansiedade palpável em faixas como "Mind Upon Matter". O resultado é um híbrido bizarro de black metal, pós-punk e industrial, que soa mais a uma colaboração entre Killing Joke e Mayhem do que a Darkthrone.

A abordagem lírica sobre "residentes de campas, história, deficiências do corpo e da mente" encaixa perfeitamente nesta paisagem sonora alienante. Os vocais de Ataman são mais um declamar maníaco do que um rosnado tradicional, adicionando à sensação de insanidade clínica. Faixas como "Aristocrat" ou a bizarra "Embarrassment of Whores" são exercícios de tensão e repetição, hipnóticas na sua estranheza.

“Boneyard Twist” é um álbum desafiador e corajoso. É a antítese do black metal confortável e formulaico. Os MROME provam que, mesmo após décadas, ainda é possível pegar nas fundações do género e torcê-las até se tornarem algo novo e perturbador. Não é para todos, mas para quem procura arte extrema que realmente desafia o ouvinte, isto é um achado raro e precioso.