ALMANON: A união do Black/Death Metal e Edgar Allan Poe no álbum de estreia conceptual "Primitive Infernal"

Numa era de produções digitais polidas, há bandas que ousam regressar à escuridão primordial. Os brasileiros ALMANON são uma dessas forças da natureza. A banda de Black/Death Metal acaba de lançar o seu monumental álbum de estreia, "Primitive Infernal", uma obra conceptual que não se limita a fazer música: ela respira a literatura macabra de Edgar Allan Poe, arrastando o ouvinte para um vórtice de horror sónico e existencial.

Nascido durante o isolamento da pandemia, "Primitive Infernal" é um testamento à resiliência e à visão. A banda mergulhou em sete contos do mestre do horror, usando a sua sonoridade crua e orgânica, forjada na velha escola dos anos 80 e 90, para traduzir a angústia de Poe em riffs cortantes e blast beats viscerais. O processo de gravação, realizado no estúdio Covil do Terror, foi uma decisão deliberada de autenticidade: em apenas dois dias, os instrumentos foram gravados ao vivo, sem metrónomo, para capturar uma essência selvagem, uma energia que não pode ser fabricada digitalmente.

A produção, a cargo da própria banda em parceria com Junior (Terror Cult, Necrolatria ), honra essa crueza. O álbum abre com a faixa-título, uma introdução sinistra composta e executada na viola clássica por Aletéa Cosso (Miasthenia), estabelecendo um tom primitivo que se desdobra numa experiência narrativa. O destaque vai para a adaptação do conto "O Poço e o Pêndulo", desmembrado em duas faixas, "Despair" e "Pendulum", que intensificam a agonia e o suspense da obra original.

O lançamento físico de "Primitive Infernal" foi possível graças a uma aliança de selos essenciais do underground brasileiro: Heavy Metal Rock, iHells Produções, Misanthropic Records, Terror Shop e Trevas Nascemos. Esta união demonstra a força e a resiliência de uma cena que se recusa a morrer.

• 🤘 Ouve o Álbum: "Primitive Infernal" em todas as plataformas